segunda-feira, 27 de agosto de 2007

deles

eu sempre sinto a falta dele quando toca Carla Bruni, que eu acho que ele nem gostaria, mas é francês e ele é meu único amigo francês. eu sempre procuro por ele com seu suco de laranja doce no recreio e esqueço que ele não fica mais ali e a blusa de frio agora é minha.
eu sinto a falta dele de um jeito estranho, quando toca O Rappa e eu lembro dos olhos brilhando e pulando no show. esse é meu amigo desde que eu nasci, só pode. pq eu gostava dele antes de saber que ele também gostava de mim e bem antes de saber que ele ia levar o meu menino pra mim naquele outro show.
o outro eu sinto falta pq nunca tive. o dia dele tá chegando rápido e eu vou sentir ainda mais falta quando ele virar carioca de novo. ele me falou de Nephilins e meninas ladras de palavras e meninos com amigos imaginários e de sonhos, muitos deles. e eu devo tudo a ela, e ao Coldplay, é claro.
dele eu sinto falta toda vez que ele não me abraça no recreio ou quando ele some pra ter outros amigos. ninguém mais gosta do professor de português e decora coisas inúteis e cospe na gente como ele. e é claro, não posso deixar de dizer, ninguém tem uma barba tão legal quanto a dele: o menino que me ensinou os Móveis Coloniais.
aquele eu sinto falta quando os olhos perdem a cor ou quando ele deixa a alma em casa. mas eu me acostumo, ele acaba voltando e me abraça igual criança sem doce. eu me lembro de nós dois correndo feito as crianças que realmente éramos pela escadaria do prédio alheio e dele cantarolando a musiquinha do Shrek no caminho mudo que percorremos por tanto tempo.
deles, pq não dá pra falar de um sem o outro e o outro, eu sinto falta quando somem, ou quando se calam, ou quando esquecem dos mimos. esses são a ausência do tempo ruim. e pra eles tem aquelas coisas bonitinhas que eles inventam com o violão e um fichário-bongô.
sinto umas faltas velhas, de tempos em que a gente era criança e não sabia mais. umas vozes cantando músicas de ônibus, outras cantando pra me fazer cantar, outras pra me ensinar a dança exata, umas outras (ditas) canções de amor.
e tem ainda uma porção de saudades pra chegar.

2 comentários:

Aline disse...

nossa, eu gostei desse..
parece que eu sei do que vc tá falando :/

Anônimo disse...

eu vou ser goiano pra sempre /o/