sexta-feira, 14 de dezembro de 2007
menina-estrela
o fato é que eu vi uma menina parada ali nas memórias que eu não sei se tenho. dedos curtos sem o esmalte vermelho descascado de hoje. não serviria pro piano, diriam. mas ela sempre quis. depois desistiu, e quis o violão. desistiu de novo. ficou com a voz. sobrou-lhe, entre tantos os instrumentos que o pai estendia na sala, o fiapo de voz que ganhara da fada madrinha. ficou de aperfeiçoar, mas deixou pra outro dia. foi se meter com dança, mas a menina mal sabia se mexer. e ficou pela metade outra vez. até que encontrou o teatro e o figurino e as máscaras. aquilo, aquilo sim é que era vida. mas acontece que ela nem tinha tanto talento assim. tinha idéia. e largou o teatro e ficou com as idéias. remoendo, remoídas, projetadas, estrategicamente organizadas. e as idéias permaneceram perturbando-a até explodirem dedos a fora. saíam daqueles mesmo dedos curtos de outrora, saltitantes, coloridas feito borboletas, saíam deixando um rastro de pólen. a menina se encantou com tanta beleza. na verdade, ela nem achava que era de fato tão boa assim, mas quis acreditar e isso bastou. e então ela depositou todas as fichas que tinha, nas próprias palavras.
domingo, 9 de dezembro de 2007
pseudo-conclusões de menina
o fato é que eles não entendem mesmo.
não entendem quando a gente escreve ou quando a gente não quer dizer. não entendem quando a gente chora sem motivo, ou quando fica carente e desesperada por eles. não entendem quando a gente diz 'não' querendo dizer 'sim', ou quando finge que tá tudo bem quando no fundo tá tudo péssimo. não entendem quando a gente precisa que eles adivinhem ou que sejam meigos ou que sejam brutos. não entendem quando a gente faz tudo para que eles reparem ou quando faz tudo para que não reparem, por favor.
eles nunca sabem mesmo o que fazer. e não é que a gente saiba, pelo contrário. a gente sabe bem menos que eles. é por isso que precisamos mesmo deles, porque alguém tem que saber pra gente. é uma dependência besta, eu sei! deve ser por isso que nós nunca ficamos satisfeitas completamente, por mais completas que estejamos. não dá. a gente tá sempre querendo mais e esperando mais deles e de nós mesmas, e fica trocando de amor pra tentar encontrar alguém que termine as suas frases do jeito que você imaginou.
até que você encontra. e essa pessoa é tão ridiculmente imperfeita que você custa a acreditar. e fica desacreditando, e eles continuam não entendendo, e você aprende, definitivamente, que não dá mesmo pra entender tudo.
ps: pra nana, que me pede pra postar e me ensinou a escrever 'a gente' separado. e pra aline, que me levou às conclusões.
algumas da minhas meninas.
não entendem quando a gente escreve ou quando a gente não quer dizer. não entendem quando a gente chora sem motivo, ou quando fica carente e desesperada por eles. não entendem quando a gente diz 'não' querendo dizer 'sim', ou quando finge que tá tudo bem quando no fundo tá tudo péssimo. não entendem quando a gente precisa que eles adivinhem ou que sejam meigos ou que sejam brutos. não entendem quando a gente faz tudo para que eles reparem ou quando faz tudo para que não reparem, por favor.
eles nunca sabem mesmo o que fazer. e não é que a gente saiba, pelo contrário. a gente sabe bem menos que eles. é por isso que precisamos mesmo deles, porque alguém tem que saber pra gente. é uma dependência besta, eu sei! deve ser por isso que nós nunca ficamos satisfeitas completamente, por mais completas que estejamos. não dá. a gente tá sempre querendo mais e esperando mais deles e de nós mesmas, e fica trocando de amor pra tentar encontrar alguém que termine as suas frases do jeito que você imaginou.
até que você encontra. e essa pessoa é tão ridiculmente imperfeita que você custa a acreditar. e fica desacreditando, e eles continuam não entendendo, e você aprende, definitivamente, que não dá mesmo pra entender tudo.
ps: pra nana, que me pede pra postar e me ensinou a escrever 'a gente' separado. e pra aline, que me levou às conclusões.
algumas da minhas meninas.
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