quarta-feira, 16 de abril de 2008

10 minutos

eu sinto falta de todas as palavras que eu não disse. aqui e lá. ah, não pense que elas não vieram, é tolice sua pensar assim.. elas vieram sim, vieram de enxurrada como sempre vem, trombando umas nas outras, atropelando-se, arrancando a unha do dedo mindinho do pé de tanta pressa. mas acontece que eu vendi minha alma ao tempo. (devo ter emprestado minhas ideologias toscas pra ele também.) é, eu dei pra ele. dei o meu tédio, a minha vontade, e dei tanta falta de vontade também. dei um tantinho de desprezo, despeito talvez.
o tempo é aquele reloginho desbotado da sua cabeceira, mas mais normalmente da sua cabeça mesmo. eu acho tão engraçado imaginá-lo tic-tac-queando como se me apressasse pras tantas coisas que eu não tenho que fazer. e de repente, tenho! ou melhor, tive, por que não dá mais tempo de fazê-las, o tempo delas já passou. você tá cansado de me ouvir reclamar e falar de tempo? é eu sei, eu também estou, também sou. eu sou cansada disso e de uma porção de outras coisas, mas isso são vícios, e você sabe como os vícios são. são vícios, oras! não dá pra largar assim do nada, exige todo um processo de adaptação. e definitivamente eu não sou boa nesse tipo de adaptação, nem adianta! eu continuo corcunda e mordendo os lábios e escrevendo em minúsculas e procurando conclusões para textos que não precisam tê-las e sendo agradável com quem eu não quero ser e dando nós nos meus cabelos já meio quebrados. ah, e eu ranco as minhas unhas e pelinhas da boca, de nervoso. eu também tenho gastrite de nervoso, e enxaqueca, e alguma coisa nos olhos que eu não sei o que é por que o médico não tem tempo pra mim (lá vamos nós pro tempo de novo!). e eu ainda tenho ciúmes. e medo.
e ainda tenho um vício, terrivelmente insuportável, que é falar de mim. falar esse monte de coisas reclamonas, desagradáveis e chatas e injustificáveis porque você não me pediu pra falá-las. eu deveria fechar o blog pra calar a boca. mas ele já fica tão de férias sempre que nem faz diferença não. vê se acostuma, tá? vai ser sempre assim. um velho vício, pros velhos vícios. e pronto, chega, minha boca já secou, ponto final.

5 comentários:

Anônimo disse...

vício é um vocábulo que eu nunca entendi muito bem.

isso me lembrou um relógio de bolso que sempre pára quando a gente encosta no ouvido pra ouvir o titac

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
João Paulo disse...

Ah, então é por isso que tá escrito ali "talvez fosse um vício a mais".

Um dia eu descubro o significado daquele número 03 ali no cantinho... :)

Déborah! Abraço em pensamento para você! Você é forte, muito forte, e bonita por dentro! O tempo é um carinha magricela perto dos teus músculos, não deixa ele ficar te enxendo o saco, dá um soco nele e segue em frente! :)

Gabriel Harcanjo disse...

Víciu ou virtude?

Anônimo disse...

é bem melhor ser chata, reclamona e cheia de vícios do que deixar o tempo te fazer acomodar...



e eu te amo assim, desse jeito!