quarta-feira, 22 de outubro de 2008

o não saber e a falta de cor

(eu bem tentei.)
mas não, você não era o príncipe encantado que eu pensei que era. a não ser que príncipes venham acompanhados de decepções, não-me-toques e pés-atrás. depois eu vi que de fato você não era o tal príncipe porque uma versão mais aprimorada do que isso poderia ser me apareceu. sem cavalo branco nem nada, e sem que eu sequer imaginasse sua identidade secreta.
de você sobrou um sentimento tão tão profundo que chegava a doer. doía de compaixão por você por mim e pelas nossas dores intrínsecas e fingidas. doía de uma coisa tão densa que eu nem sei o nome, mas que me mandava estar sempre por perto. e foi isso que eu fiz. estive sempre ao seu alcance, nem sempre ao meu. e ouvi todas as suas histórias e me apaixonei por cada uma delas e por todas as suas contas de cabeça e cada um dos teus desenhos sem cor.
tantos desenhos sem cor pra nada.
pra serem jogados fora, cuspidos pelo ralo, abandonados em esquinas tão distantes das nossas casas. tão distantes que já é quase impossível lembrar o caminho de volta.
eu não sei mais o nome dos livros que você queria me indicar, nem a cor das suas olheiras, nem seu abraço na blusa de frio, nem se você ainda sofre e finge que não e vice-versa, nem seu ceticismo falso e sua falta de amor mais falsa ainda, porque depois de um tempo você não sabia mais fingir. agora eu sei bem da distância, da falta que eu ainda sinto por mais que me proíba dela, e de todos os dias em que eu me pergunto como é que você pôde se perder de mim, como você pôde ser tão fraco e ainda mais hipócrita do que já era.
eu já nem sei por onde você anda ou qual máscara você vestiu dessa vez. já nem sei de mim, nem de você, e nem do teu coração leviano que não sabe o que fez do meu.

3 comentários:

Aline disse...

(eu nem tentei)
não fiz a menor força, na verdade, para não me deixar levar por vc mais uma vez deborah.

eu acho que vc não sabe mais do que pensa, mas sabe mais ainda.

Anônimo disse...

ler mulher sempre faz o homem se sentir culpado.

Anônimo disse...

você escreve como quem costura um lindo vestidoo, envolvendo, apaixonando e tragando seu leitor.