deixa o violão pra lá. esquece esse teclado compulsivo. chega dessa conversa tola e vem. vem e ouve o chiar das panelas, o sussurro dos carros, a textura dos cadernos. escuta o atrito da mão com o papel. ignora os sorrisos amarelos e tenta ouvir a cor do sol e o barulho do ar sacolejando cada uma das células do teu corpo.
(pssh...) ouve.
presta bem atenção nas confissões do teu travesseiro. cola teus ouvidos na tinta das paredes e escuta o som gelado que elas fazem. ouve o engolir em seco, e não a palavra. e se for pra ouvir palavras, ouça as que transbordam das fotografias. encoste o rosto com vontade em cima da mesa de madeira da tua sala de estar, grude seus ouvidos em todas as peças de madeira que encontrar pela frente e escute as vozes que saem de dentro delas. decore cada detalhe das histórias que elas vão contar. sinta o som do sangue a pulsar na ponta dos teus dedos. o do piscar de olhos. o da multidão murmurando, como se dissesse uma coisa só mas em tempos diferentes. ouça com a palma da mão o bater do coração - de outra pessoa.
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
6 comentários:
você exala poesia, e isso foi uma das coisas mais linda que você já escreveu ;~
o final ficou tão lindo tão lindo!
uau
arrepiei. vc é tão linda deborah.
Eu ia elogiar, mas eu acho que o sentimento que o texto inspira é outro.
Um texto que não deve ser aplaudido... Deve ser silenciosamente entendido.
:)
(mas ficou muito bom, viu!)
eu te ensinei que o travesseiro conversa e que a mesa sussura... né? :)
Postar um comentário