terça-feira, 18 de setembro de 2007

pingo

e tá tudo tão quente aqui. tão tão tão quente que dá até pra desistir. a gente desiste de pensar porque pensar também cansa no calor. pensar derrete. e eu vou derretendo pelas mãos, pelos pés, pelos cabelos. tudo pinga. pinga a inscrição feita, que agora não dá mais pra mudar. pingam as lágrimas que caíram ontem, junto ao suor, feitas de tanto sentimento junto, misturado num liquidificador mental. toda a insegurança, o medo, todas as dores e pesos na consciência, desceram todos eles juntos, todos pingaram de uma vez. pingou forte o ciúmes, latejante, escaldante. o ciúmes menos feio e mais bonito de todos. pingou tanta saudade. saudade do que vai embora, do que não voltou, do que ainda não veio. pingou cintilante o maior amor do mundo, que eu teimo em sentir que sinto.
pingou, escorreu por tudo quanto pôde e despencou penhasco abaixo. furta-cor feito bolha de sabão, feito confusão, feito mistura. feito a água mais pura que eu já pude beber - e bebo, pra repor tudo uma outra vez e pingar mais.


"doentes do coração, dançavam na enfermaria."

2 comentários:

Aline disse...

mais uma vez ficou completamente deborah.

ahh posso fazer uma confissão? :/
da vontade de te pega no colo e aperta sua bochecha e fala " não fica triste! nao quero, nao quero, nao quero!run!" ://
to falando serioo!

:**

ps: caraa! fiquei boba com o liquidificador mental :O nunca tinha pensado que é bem assim.

Gabriel Harcanjo disse...

nao foi o calor que feiz tantos pingos assim =]