domingo, 8 de junho de 2008

o mínimo

ela acordava e permanecia de olhos fechados, que era pra se adaptar. depois trançava os cabelos entre os dedos, entre os ombros e entre os próprios cabelos, e pensava que seria (mais uma vez) mais um dia igual: café forte e pão com manteiga, feijão com arroz e bife e batata, pão de queijo sem mais nada, sopa do que tiver. e os entreatos, é claro. mas para ela, eles eram ainda mais dispensáveis e desinteressantes, por serem tão exatamente sempre-iguais.
o que ela queria mesmo? aah, era poder caminhar do lado contrário da rua. ler o seu livro preferido pela décima nona vez, no meio de uma praça, de papo pro ar. sentar numa janela e ver a grama lááá embaixo, e sentir o vento entre seus pés e o sol entre seus cabelos soltos. 'pegar carona numa cauda de cometa' e contar todas as estrelas do céu sem ter medo das verrugas nos dedos. ela queria encontrar o pote de ouro atrás do arco-íris. ou o amor atrás de uma árvore.

2 comentários:

Anônimo disse...

;~

Anônimo disse...

ela pode.