sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

menina-estrela

o fato é que eu vi uma menina parada ali nas memórias que eu não sei se tenho. dedos curtos sem o esmalte vermelho descascado de hoje. não serviria pro piano, diriam. mas ela sempre quis. depois desistiu, e quis o violão. desistiu de novo. ficou com a voz. sobrou-lhe, entre tantos os instrumentos que o pai estendia na sala, o fiapo de voz que ganhara da fada madrinha. ficou de aperfeiçoar, mas deixou pra outro dia. foi se meter com dança, mas a menina mal sabia se mexer. e ficou pela metade outra vez. até que encontrou o teatro e o figurino e as máscaras. aquilo, aquilo sim é que era vida. mas acontece que ela nem tinha tanto talento assim. tinha idéia. e largou o teatro e ficou com as idéias. remoendo, remoídas, projetadas, estrategicamente organizadas. e as idéias permaneceram perturbando-a até explodirem dedos a fora. saíam daqueles mesmo dedos curtos de outrora, saltitantes, coloridas feito borboletas, saíam deixando um rastro de pólen. a menina se encantou com tanta beleza. na verdade, ela nem achava que era de fato tão boa assim, mas quis acreditar e isso bastou. e então ela depositou todas as fichas que tinha, nas próprias palavras.

5 comentários:

João Paulo disse...

E a menina-estrela ficou com o menino das seis cordas? :D

Roberta disse...

nada como acreditar nas próprias palavras.
muito gracinha déh. gostei ;*

Anônimo disse...

graciiinha! ;D

Gabriel Harcanjo disse...

Ainda bem que ela achou o dom neh! ^^ aaa tirei as teias do eteceteraa =D

Aline disse...

ai que saudade que eu tava de ler as suas letras sempre minusculas. aa deh, dá até pra confundir.. piano (teclado), teatro, dança.. no final, as palavras conseguem falar da beleza de tudo isso e sem machucar os dedos, os pés, as costas.. só o coração as vezes. ah gostei tanto!